A reabilitação de estruturas é o maior desafio da reabilitação urbana.
Por se tratarem de elementos de suporte, muito
deles fulcrais à estabilidade da estrutura é necessário um cuidado redobrado e
aplicação das técnicas adequadas que não comprometam ou degradem ainda mais os
elementos estruturais.
Os centros históricos estão repletos de edifícios a
necessitar de rápida intervenção de reabilitação, e a maioria deles é
constituída por elementos estruturais em madeira.
A madeira é um material muito comum, utilizado
tanto na estrutura, como em pavimentos ou cobertura. A sua exposição a ambientes
agressivos bem como a constante carga aplicada, muitas vezes inadequada, leva à
deformação do material e consequentemente à sua degradação.
É nesta fase que se torna imprescindível a
reabilitação do material, principalmente quando este é um componente estrutural.
Para os trabalhos de reabilitação podem-se aplicar várias técnicas,
classificadas essencialmente em técnicas de reparação (que apenas reparam a
zona degradada de modo a manter a capacidade de carga da estrutura) ou
técnicas
de reforço (que visam aumentar a capacidade de carga da estrutura existente).
Ligeiramente, resume-se de seguida as técnicas mais
utilizadas:
- Aplicação de empalmes para reforço da
estrutura
Esta técnica pode ser aplicada em elementos
partidos ou fissurados e consiste na colocação de uma nova peça de madeira de
um dos lados ou em ambos os lados da zona que necessita de intervenção.
A peça é aparafusada à estrutura existente pelo que
é imprescindível o dimensionamento da área de sobreposição, bem como dos
parafusos e seu distanciamento.
Uma vez que se trata de uma peça aplicada sobre a
estrutura já existente, deve-se garantir que ambas terão a mesma altura e a
mesma aparência, de modo a não provocar um impacto arquitectónico demasiado
agressivo.
Aplicação de empalmes para reforço de estrutura (imagem retirada de http://cm-viseu.pt/)
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- Reparação
de fendas através do processo de cintagem ou através da aplicação de parafusos
A técnica de cintagem é utilizada essencialmente
para reparar fendas longitudinais e consiste na aplicação de tiras metálicas em
torno do elemento estrutural que por aperto, recorrendo a pregos
electrozincados ou de aço, minimizam e impedem o aumento das fendas.
Já a técnica por parafusos, também aplicada para
corrigir as fendas longitudinais, consiste na aplicação de parafusos, de
pequeno diâmetro afastados entre si no mínimo 8cm, e aplicados
perpendicularmente à fenda, que tenderá a fechar, conforme se procede ao
aperto.
Cintagem de estrutura de madeira (foto retirada de: http://construironline.dashofer.pt/)
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- Construção
de novas vigas paralelas às existentes
Utilizada essencialmente para aumentar a capacidade
de carga ao nível das vigas de pavimentos, esta técnica consiste na construção
de uma nova viga paralela à existente que estará encastrada na parede de
suporte, que neste tipo de construção, por norma, trata-se de uma parede de
pedra.
- Construção
de vigas transversais às vigas existentes
Com a mesma finalidade e o mesmo método da técnica
anterior, as vigas novas são colocadas perpendicularmente. Esta disposição
aumenta exponencialmente a capacidade de carga da estrutura no entanto muitas
vezes não é a mais adoptada pelo impacto arquitectónico que provoca.
- Colocação
de elementos metálicos para reforço de vigas existentes;
Aqui são colocados elementos metálicos paralelos
aos elementos estruturais, os mesmos fixos com recurso a parafusos.
É muito importante dimensionar a espessura do novo
elemento de acordo com a capacidade de carga anteriormente existente, visto que
não se trata de uma técnica de aumento da capacidade.
Aplicação de elemento metálico (imagem retirada de http://cm-viseu.pt/) |
- Aplicação
de epoxy para fecho de fendas;
A aplicação de epoxy pode ser realizada em fendas
de topo ou pequenas fendas longitudinais e consiste na injecção de uma calda na
fenda que, após polimerização, apresenta características semelhantes ao
material envolvente.
Em situações mais críticas pode-se utilizar esta
resina epoxídica de baixa viscosidade em conjunto com varões de reforço em aço
inoxidável ou de material reforçado com fibras de vidro.
Esta técnica é muitas vezes utilizada para
substituição do apoio de asnas deterioradas.
Aplicação de epoxy e varões de reforço (imagem retirada de http://cm-viseu.pt/)
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- Aplicação
de compósitos FRP para reforço das vigas existentes;
Esta técnica consiste na colagem e uma manta ou de
um laminado de FRP à madeira. Tem de ser sempre aplicado na face traccionada da
viga, podendo em casos mais severos ser aplicado também na zona de compressão.
A grande desvantagem desta técnica é sem dúvida a
nível Arquitectónico, pelo impacto que provoca.
- Aplicação
de elementos de madeira para reforço das uniões entre elementos existentes;
Nesta técnica é utilizada uma placa de madeira em
forma de triângulo que será fixa através de resinas às peças de madeira
existentes. Para tal são executados, na face inferior dos elementos existentes,
cortes a 45º com forma triangular e no canto de ligação entre as duas peças.
- Aplicação
de pré-esforço
Esta técnica é utilizada essencialmente em vigas de
pavimento uma vez que consiste na colocação de um sistema de pré-esforço em
tensão de modo a contrariar a flecha existente no elemento estrutural, até à
sua anulação.
Para tal é necessário uma estrutura pré-fabricada
em metal para substituir as partes deterioradas, bem como acessórios metálicos
para substituição de topos.
Independentemente da técnica a utilizar,
tratando-se de uma intervenção de reparação de elementos estruturais é
fundamental garantir o máximo de segurança, assim, a estrutura deve estar
sempre escorada e todos os trabalhadores devem respeitar os procedimentos de
segurança implementados.
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